Prion

Prion estava cansado. Seus sensores indicavam aquecimento cerebral e secura dos olhos. O terceiro alerta vermelho surgiu em sua visão.

“ENTRE EM MODO DE DESCANSO. A FADIGA PODE DANIFICÁ-LO.”

Mas aquelas letras garrafais não iriam detê-lo.

Estava muito próximo de completar sua tarefa. Nas últimas semanas havia conseguido vários upgrades. Os exames estavam ficando mais fáceis de resolver.

Agora ele era um BSC-B98327, um bioautômato senior –  um sistema eletrônico operando em conjunto com um cerébro humano geneticamente desenvolvido. Os BSC eram o resultado do sonho de um homem,  o mais jovem trilionário da Terra em 2030, Juan Otis. Sua empresa Riidyl havia financiado a pesquisa. Tudo ia bem, até que o governo resolveu se meter.

“NÍVEIS CRÍTICOS DE FADIGA. PARE E DESCANSE.”

Os alertas passaram para a coloração escura e sua visão periférica ficava cada vez mais restrita.

Teve que parar. Ouvira história de outros BSC que nunca mais acordaram de uma pane por fadiga. Era comum o cérebro destruir o sistema eletrônico, e toda a inteligência armazenada se esvaia. O cérebro também se desligava e o corpo se decompunha. Chamavam isso de morte operacional.