O diabo e os detalhes

O diabo e os detalhes

É difícil fazer o bem?
Será que os outros merecem nossos esforços?

Recentemente, no cartório, uma companheira quis alertar os colegas sobre a importância do Auxílio Funeral. Suas intenções eram de proteger as famílias enlutadas, mas usou em sua fala um argumento, no mínimo, antiquado:

“Temos duas certezas na vida: que nascemos de uma mulher e de que vamos morrer.”

Contra-argumentei citando o caso do médico brasileiro Theo Brandon, que pariu seu próprio filho. A temperatura da discussão elevou-se um pouco, e alguns preconceitos evidenciaram-se.
No dia seguinte, de ânimos serenados, retomei a conversa, falando mais profundamente sobre as chagas e cicatrizes físicas e emocionais que a sociedade falocêntrica impõe sobre as pessoas transgêneras.

Percebi que mesmo pessoas eruditas e viajadas estão presas a uma formatação rígida, apedrejando e queimando inocentes, como relatado pela policial militar baiana Kim Villanelle, apenas para seguir uma manada de imbecis.

Depois de ouvir sobre essas histórias e dialogarmos sobre intersexualidade e transgeneridade, ela ainda insistiu que não concordava. Ao que lhe respondi que sua concordância não importava, mas sim o seu respeito. Afinal, respeitar a identidade sexual alheia não nos trás nenhum prejuízo, mas desrespeitá-las provoca chagas imerecidas.

Sim, é difícil fazer o bem. E, sim, nossos esforços são merecidos e, mais que isso, válidos e transformadores.

Reencontro

Reencontro

A tarde chuvosa pintava de chumbo o dia que havia raiado tão ensolarado. As gotas rolavam pelo telhado de palha e formavam uma poça no chão de ardósia vermelha.
Zoltan lembrava-se da sua amada. Fechou os olhos e chegou a sentir o cheiro do pão de arroz recém assado que ela costumava fazer. Seu coração se aqueceu. Ele encostou a ponta dos pés no chão e empurrou levemente a cadeira de balanço.
– Nhééém – o móvel soltou um rangido, que parecia uma risada lenta.
Uma janela enorme se abriu e uma melodia invadiu o quarto. Zoltan vestia uma túnica nova com braceletes de ouro e em seus dedos faiscavam rubis. No campo as flores dançavam com a moça que sacudia um vestido verde e um véu púrpura. A vida se intensificava em tudo que ela tocava. O rufar do coração do velho escriba se intensificou.
– Tara! – ele gritou num sussuro.
As palavras se desmancharam no ar. O véu evaporou e o sorriso de Tara preencheu tudo o que existia. Agora ela estava em seus braços. Sentiu a força renovar em seu estômago e se espalhar pelo corpo. Ele dançava e beijava a amada. Eram um só.
– Vim te buscar meu amor. – ela disse com o olhar.
A aia entrou no quarto a tempo de ouvir o último suspiro de Zoltan, que jazia feliz em sua cadeira.

Honra

Honra

O código de honra dos cavaleiros surgiu na Idade Média, quando os cavaleiros eram os guerreiros profissionais da época. Esses homens eram treinados para lutar e eram considerados os defensores da fé e da justiça. O código de honra dos cavaleiros era uma série de regras e princípios que regiam sua conduta, como a lealdade, a coragem e a cortesia.

Um dos primeiros registros do código de honra dos cavaleiros é encontrado em “Li livres de chevalerie”, escrito por Ramon Llull no século XIII. Ele descreveu os deveres e obrigações dos cavaleiros, incluindo a defesa dos oprimidos e a luta contra o mal.

O código de honra dos cavaleiros também foi influenciado por outros códigos morais da época, como o código de cavalaria do Império Romano e o código de honra dos samurais do Japão.

Ao longo dos séculos, o código de honra dos cavaleiros evoluiu para incluir novos princípios e valores. Por exemplo, durante a Renascença, os cavaleiros passaram a ser vistos como defensores da educação e da cultura, além de serem considerados modelos de virtude e cortesia.

Hoje em dia, o código de honra dos cavaleiros é visto como um símbolo da nobreza e da virtude, e é celebrado em filmes, livros e jogos de fantasia. Mas a verdadeira honra dos cavaleiros é a de ser honesto, justo e leal, e seguir princípios éticos e morais que beneficiem a sociedade como um todo. A honra é uma virtude que é valorizada em todas as épocas e culturas, e continua a ser um princípio fundamental da conduta humana.

Quando se age de forma egoísta, colocando os próprios interesses acima dos interesses dos outros, pode-se encontrar várias dificuldades. A principal delas é a falta de confiança e respeito dos outros. As pessoas tendem a desconfiar de alguém que sempre coloca seus próprios interesses em primeiro lugar, e isso pode prejudicar relacionamentos pessoais e profissionais.

Além disso, agir de forma egoísta pode criar tensões e conflitos com outras pessoas. Quando se prioriza os próprios interesses, pode-se ignorar os interesses e necessidades dos outros, o que pode gerar ressentimento e frustração. Isso pode levar ao afastamento de amigos e familiares, e ao isolamento social.

Outra dificuldade é que a atitude egoísta pode levar a decisões irresponsáveis e ao descaso com as consequências das ações. Quando se age pensando apenas em si mesmo, pode-se negligenciar as consequências para os outros e para o meio ambiente. Isso pode levar a problemas sociais e ambientais graves e a longo prazo.

Por fim, é importante notar que a busca constante pelo benefício próprio pode levar ao esgotamento emocional e ao vazio existencial. Quando se coloca os próprios interesses acima de tudo, pode-se se sentir insatisfeito e infeliz, mesmo quando se alcançam metas e se tem sucesso. Isso porque a verdadeira felicidade vem de relacionamentos saudáveis e significativos, e de uma vida equilibrada e propósito.

Em resumo, agir de forma egoísta pode parecer vantajoso a princípio, mas pode causar problemas significativos em relacionamentos, sociedade e pessoalmente. A honra é um princípio fundamental da conduta humana, e é importante lembrar que a verdadeira honra vem de seguir princípios éticos e morais que beneficiem a sociedade como um todo.

Espaço

Espaço

Sabe quando a gente tá precisando de um espaço? Um minuto que seja para se reconectar consigo mesmo. Pra poder ouvir os próprios pensamentos. Ouvir o que a cabeça está querendo dizer de verdade.

Fazer a raiva parar de gritar e o peito parar de apertar toda vez que aquela pessoa ou aquela situação surge ou é discutida.

Você até já sabe que não deve se entregar às emoções, que para tomar decisões inteligentes você deve estar de cabeça fria. Mas aquela coisa irritante te incomoda tanto que você não controla o como o seu corpo reage.

Só de ouvir falar daquilo, ou só de ver ou falar com aquelas pessoas, você já sente seu corpo tremer, suas mãos suarem, sua boca ficar seca, ou sua cabeça doer. Ou então, depois que você desliga o telefone, percebe que a respiração está acelerada, seus olhos estão arregaladas e você sente sede de água e de vingança.

Então você percebe que precisa parar. Você t á p r e c i s a n d o de e s p a ç o p e s s o a l .

Espaço Pessoal

Mas como eu consigo esse espaço? – você se pergunta.

É simples. Quem dá ou toma o seu espaço pessoal é você.
Dizer “SIM” pros outros o tempo todo é uma maneira de reduzir seu espaço pessoal, ou seu domínio próprio, como dizem alguns.

Aprenda a dizer “SIM” quando for realmente importante e interessante pra você. Você não vai dizer mais apenas “SIM”, mas “CLARO QUE SIM, CARALHO!”, ou então é melhor dizer: “NÃO” ou “AGORA NÃO”, “NÃO TENHO INTERESSE”, “ISTO NÃO ME AGRADA”, “MELHOR NÃO”, …

Agindo assim, você consegue livrar-se de compromissos que apenas tomam seu tempo de vida e reduzem o seu domínio de si mesmo.

O ativo mais importante que possuímos é intangível. Nosso tempo é o que temos de mais precioso. Quando você deixa de desperdiçar seu tempo, consegue colher benefícios cada vez maiores.

Há pessoas que afirmam que tempo é dinheiro. Mas estão erradas: o seu tempo é ainda mais valioso que dinheiro. Aprenda a valorizá-lo e você vai juntar riquezas, prosperidade e saúde física e mental para você e para os que estão ao seu redor.

O que nos falta não é tempo, é atenção.

O que nos falta não é tempo, é atenção.

Ei! Psiu! Olha pra cá!
É muito mais difícil manter a concentração quanto estamos fazendo múltiplas tarefas.

Pior ainda se tivermos várias telas coloridas disputando nosso olhar, acompanhadas por inúmeros auto-falantes no ambiente fluindo continuamente conversas, músicas e sons paralelos.

A falsa sensação de que o tempo é curto, ou de que você não tem tempo para coisas verdadeiramente importantes é uma das consequências de tentar fazer muitas coisas simultaneamente.

Os cientistas, as câmeras de trânsito e as seguradoras conhecem muito bem os resultados das ações humanas quando se exagera na dispersão da atenção.

Nosso cérebro é poderoso, mas adora economizar energia. Pensar é uma das atividades mais intensas em consumo energético. No entanto, vale a pena cada caloria gasta em pensamentos profundos.
Tratar sintomas é muito bom, mas não é tão efetivo quanto cuidar das raízes dos problemas.

E você, o que pensa sobre isso?

“E se eu estiver errado?”

“E se eu estiver errado?”

Este é um pensamento desconfortável, pois todo mundo gosta de ter razão. Dá prazer saber que nossas ideias estão certas. Mas isso é apenas o nosso ego falando. Quando expressamos nossa maneira de pensar, estamos dando vazão ao ego.

Na verdade, o ego não sabe de nada, apenas faz parecer que sabe. Isso não quer dizer que todas as nossas ideias estão erradas. Mas que é saudável questionar as nossas convicções de vez em quando.

É dessa forma que a Ciência trabalha. O pesquisador parte do pressuposto de que sua tese pode estar errada e a coloca no campo de batalha do método científico para ver se ela sobrevive. Depois de enfrentar rigorosos testes, ele torna os resultados públicos e apresenta a sua nova teoria.

Depois que a humanidade passou a adotar esta metodologia, avançamos muito mais do que quando confiávamos apenas nas nossas próprias ideias, ou pior ainda, nas ideias de líderes autoritários ou gurus carismáticos.

Questionar-se faz bem.

“Será que essa ideia que estou defendendo é baseada em fatos reais?”

“A pessoa que me contou isso já mentiu antes sobre outros assuntos?”

“Quais prejuízos posso ter se eu estiver errado?”